TABAÍ: “Só nos utilizam para o de praxe, o padrão”

Na sessão legislativa realizada na semana passada, alguns vereadores, incluindo o presidente da Câmara, vereador Pedro Araújo dos Santos (PDT), fizeram críticas ao Executivo.

Pedro reclamou que os colegas não fazem muitas indicações na sessão do Legislativo e disse que era “uma voz sozinha”. “Nosso Legislativo é muito mal valorizado. Só nos utilizam para fazer o de praxe, o padrão, aprovar as leis que vêm do Executivo.”
O vereador do PDT reclamou da contratação de um funcionário para o setor de Trânsito, que custaria R$ 2 mil aos cofres públicos da Prefeitura e tem um orçamento de R$ 100, para as obras viárias do município. “Temos que mostrar às pessoas que aqui existe um pouco de organização. Eu, como vereador, tenho me sentido muito frustrado na minha missão. Ser pobre não é defeito, defeito é ser relaxado.”
O presidente também se posicionou contra o horário reduzido da Prefeitura das 7h às 13h. “Não só em Tabaí, em qualquer lugar. O funcionário público ganha para cumprir a carga horária. Redução de horário para economizar é balela, quero ver os números. Se acontecer, na segunda-feira (6 de setembro), esse novo horário, esse vereador é contra”, disse Pedro .
Na mesma sessão, o vereador Anderson Vargas (PT) disse que uma dotação orçamentária de R$ 100,00 é para fazer cabide de emprego. Falou que ,no governo de João, havia 43 cargos comissionados e que os vereadores aprovaram lei que aumentava para 55. “Foi a maior vergonha que eu passei aqui dentro, eu votei contra.” O vereador Darci da Silva reclamou que o prefeito não realiza as indicações que ele faz nas sessões do Legislativo.

Pedro continua criticando em entrevista

Nesta semana, o vereador Pedro Araújo dos Santos voltou a falar sobre o assunto, em entrevista para o jornal O Fato. Conforme o presidente do Legislativo de Tabaí, “os vereadores não fazem mais indicações, pois se deram conta de que sequer são lidas”.
Na opinião do pedetista, o Executivo não trabalharia junto com o Legislativo. “Não é só em Tabaí, os executivos, em sua maioria, não estão nem aí para seus legislativos e os utilizam de acordo com a sua conveniência. Os vereadores silenciam e não se manifestam, não valorizam o seu mandato conquistado com muito esforço e, possivelmente, fundamental para a eleição do hoje prefeito.”
Pedro relata que, há poucos dias, assistia às sessões do Legislativo de Taquari. “Onde, o vereador Mariante (PT) falou algo semelhante. De leis que são aprovadas e não são cumpridas.”

Setor de Trânsito

Para o vereador, o funcionário do setor de Trânsito, citado por ele na sessão da última semana, “não tem culpa alguma”. “É até capacitado e esforçado. Poderia fazer um excelente trabalho, se dessem condições. Nem sei quanto é a remuneração exata desse servidor. Eu me referia ao Projeto de Lei 029/2021 – Determina a forma de estacionamento de veículos na Rua 28 de Dezembro, do município de Tabaí, e dá outras providências”, aprovado em 2 de junho de 2021, há três meses e até hoje não cumprido por falta de orçamento no setor competente. Não adianta contratar um bom funcionário se a ele não são dadas condições de trabalho. Os valores são irrisórios, pintura de lombada, cordões de calçada e leito da via e sinalização vertical”, critica Pedro.
O vereador diz que se sente frustrado. “Minha frustração é por ver a necessidade da execução, fizeram a lei, e a falta de interesse em resolver o problema, relaxamento. A rua principal de Tabai, com quebra-molas pintados de branco e com faixa de pedestres sobre eles, fere todas as normas de trânsito.”

Horário da Prefeitura

Mais uma vez, o presidente da Câmara de Vereadores reclamou do decreto da Prefeitura, modificando o horário de atendimento dos serviços. “Quanto ao horário reduzido, antes do decreto, já houve várias manifestações de cidadãos contrárias ao ato. Vivemos um momento ímpar, em que a economia está em alta. As expectativas orçamentárias dos municípios deverão ser todas superavitárias. Em Tabaí , deverá ser superior a 25%. A pandemia mostra números que sugerem estar sob controle. A vida aos poucos volta ao normal.”
Para Pedro, o decreto prejudica a comunidade de Tabaí. “Único município a tomar essa atitude. A alegação do decreto é pelo princípio da economicidade , o que não comprova que haja uma real economia gerada pela redução do atendimento. Se o motivo é economia, que se faça um esclarecimento mais significativo. Tem que haver uma explicação se a economia gerada é tão significativa quanto o atendimento à comunidade. Às vezes, isso causa um prejuízo muito maior à sociedade.”
O vereador critica o que ele chama de “abrir mão de duas horas diárias de cada servidor”. Segundo Pedro, “ o impacto financeiro na folha de pagamento é de 25% de serviços que deixam de ser prestados à comunidade. No meu entendimento não justifica. Nossa cidade está num momento de várias conquistas. É hora de arregaçar as mangas e trabalhar. Há muito a ser feito.”

Contraponto

O jornal O Fato enviou o conteúdo das críticas da sessão na segunda-feira, para a primeira- dama de Tabaí, Tânia Cardoso, solicitando que ela repassasse para Arsênio Cardoso, pois o jornal não conseguiu comunicação online com o prefeito.
O Fato também solicitou o impacto financeiro da redução da carga horária da administração.
Na quarta-feira, pela manhã, Tânia Cardoso disse que as questões foram repassadas para o prefeito. “Mas falou que, se tivesse tempo, iria ouvir a gravação para entender melhor as possíveis críticas, mas infelizmente, não teve tempo. E pensa que toda crítica, desde que fundamentada democraticamente, é válida, caso contrário, um desgaste desnecessário”, respondeu via whatsapp.
Sobre o impacto financeiro, a primeira-dama respondeu: “Ele promete para a próxima semana.”

“Estou lidando com um orçamento justo”

O funcionário público, citado na sessão, foi procurado pelo Jornal O Fato. Ele prefere que seu nome, cargo e salário não sejam divulgados. Porém, na entrevista ao jornal , contou que é um cargo de confiança e que seu salário é de cerca de R$ 1 mil. “Estou lidando com um orçamento justo”. Ele diz que assumiu o cargo há dois meses e que tem pouca dotação orçamentária no Trânsito e acha muito cedo para receber críticas. “Na minha opinião, falta paciência por parte do Pedro, que ainda não entendeu que o serviço público é burocrático.”