O Fato Taquari Jornal On-Line
Um cão abandonado no Loteamento do Junior, no bairro Boa Vista II, há cerca de dois meses, tem amedrontado moradores da região. Na última segunda-feira, Márcio Marques Vieira, 38 anos, foi mordido na perna enquanto transitava de motocicleta pelo bairro. Nas redes sociais, outros moradores relatam ter sido atacados pelo cachorro.
Márcio teve quatro perfurações na canela, decorrentes da mordida, e precisou ser medicado no Hospital São José. Ele contou que, nos últimos dias, mais de dez pessoas foram atacadas na região, nas ruas Diogo e Antônio Vilanova, dentro do Loteamento do Junior, e em trecho da VRS-828, via que liga os bairros Rincão São José e Colônia 20. O cachorro estaria avançando em todas as pessoas que passam de moto ou bicicleta.
O motociclista contou que procurou a Prefeitura e ONGs de proteção animal em busca de uma solução para o problema, mas não obteve resultado. Ele foi informado de que não há um local para ser destinado esse tipo de animal e está preocupado com a situação. “Não acho que tem que recolher todos os animais de rua, mas precisam tomar uma providência com esse tipo de cachorro, que avança nas pessoas e causa risco de morte, porque pode gerar acidentes graves de moto ou bicicleta”, disse.
ONGs e Prefeitura se manifestam
O jornal entrou em contato com a Associação dos Protetores dos Animais de Taquari (Apat) e a ONG Os Salvadores para solicitar posicionamento sobre o assunto.
Apat – Salientou que os integrantes são voluntários e já estão com as casas lotadas de animais doentes, que precisam de cuidados. “Não temos como recolher animais sadios, pois não temos espaço, e também ganhamos pouca ajuda financeira. Muitas vezes tiramos dinheiro do bolso para poder atender os animais necessitados. Não temos ajuda financeira de nenhum órgão público e até mesmo das denúncias, onde na maioria das vezes somos insultados e até ameaçados. Nesses casos, orientamos a entrarem em contato com a secretaria do Meio Ambiente”, disse a diretoria da Associação dos Protetores dos Animais de Taquari.
Os Salvadores – Relatou que as pessoas se lembram de chamar os voluntários para tudo o que se relaciona a animais e as ONGs acabam sendo mais lembradas que os veterinários e cobradas por soluções milagrosas. Os Salvadores informaram que orientaram os moradores da Boa Vista II a entrarem em contato com a Prefeitura para comunicar o ocorrido e salientaram que não possuem abrigo para cães; inclusive, posicionam-se contra esse tipo de local, por acreditar que os animais não vivem em condições adequadas em abrigos. “A ONG não tem como recolher animais e por ser caso de um animal que está atacando a comunidade, cabe ao Poder Público tomar um posicionamento. Não possuímos recursos financeiros para ter muitos animais acolhidos, pois após serem recolhidos, precisam de tratamento físico e muitos até psicológico, ração, vacinas, castração, medicamentos diversos e muita atenção. A comunidade sempre deve comunicar à Prefeitura, até para que seja quantificada a situação no município; acolher com água e comida o animal, porque ele não teve culpa de ser abandonado e nisso tentar uma adoção para ele. Ao mesmo tempo, as ONGs podem auxiliar com casinha e encaminhar o animal para a castração, como também tentar adoção”, informou Os Salvadores.
O que diz a Prefeitura – A administração municipal informou que sobre animais de rua, como cachorros, quando há denúncia formal, o setor responsável faz a fiscalização e averiguação do possível dono, para adotar as medidas cabíveis. Denúncias desse tipo de situação devem ser feitas por meio do whatsApp 99661-9136, pela página no Facebook da Prefeitura ou pelo e-mail ouvidoria@taquari.rs.gov.br.
A Prefeitura salientou que tem pontuado pelo diálogo e preocupação com a causa animal. Citou que, em maio de 2021, foi firmado acordo com as duas ONGs de proteção animal, com a destinação de recursos para 20 castrações por mês, sendo 10 para cada instituição, com um investimento de R$ 3.400.00 ao mês e contrato com vigência de 12 meses. A Prefeitura de Taquari disse que, também em maio deste ano, firmou termo de credenciamento para realizar a guarda de animais de grande porte quando encontrados soltos em vias e logradouros públicos, conforme previsto na legislação municipal. Os animais são encaminhados a um tutor credenciado, onde serão registrados e examinados, recebendo tratamento veterinário quando necessário. “Já em junho, a Prefeitura construiu 20 casinhas para animais de rua, dentro do Projeto “Abrigue Um Animal de Rua”. O material foi entregue às duas ONGs de proteção do município, 10 para cada uma, sendo que as instituições encaminharam para o abrigo de animais assistidos por elas”, informou a administração municipal, através de nota enviada pela assessoria de imprensa.
