O terceiro domingo de agosto é conhecido entre os católicos pela realização da Romaria de Nossa Senhora da Assunção. No entanto, devido à pandemia de coronavírus, pelo segundo ano consecutivo, ela não ocorreu. Neste ano, diferentemente de 2020, o santuário foi aberto para visitação dos devotos. No domingo, 15 de agosto, desde cedo, a movimentação foi intensa, mantendo-se ao longo do dia.
Independente de ter a caminhada ao lado da imagem de Nossa Senhora da Assunção, muitas pessoas fizeram a sua peregrinação. Devotos de municípios como Paverama, Tabaí, Fazenda Vilanova, Coxilha Velha (Triunfo) e do interior de Taquari, saíram cedinho para cumprir o ritual. “Para mim foi uma das romarias mais significativas, pois foi livre e com expressão de uma fé madura. Mesmo sem a realização da caminhada nos moldes das anteriores, os devotos, especialmente, da região, fizeram a sua. Foi um dia leve, lindo e livre. Uma caminhada no silêncio que o momento da realidade inspira”, Avaliou Frei João Sulzbach.
No santuário, voluntários davam orientações para evitar aglomeração de pessoas, com o fluxo direcionado. O portão frente à porta do Santuário foi utilizado apenas para o acesso com saída pela porta lateral, encaminhando para a área do camping, sendo obrigatório o uso de máscara, o distanciamento social e a higienização constante das mãos. A organização também higienizava repetidamente os bancos do santuário.
A Romaria de Assunção é uma caminhada de aproximadamente 3,5 quilômetros entre as igrejas de Nossa Senhora das Graças e o Santuário, no Rincão São José, em Taquari. Ela ocorre desde 1988 e teve 32 edições.
A caminhada dos devotos
A moradora de Paverama, Noemi Quadros Nunes, 51 anos, saiu da localidade de Boa Esperança, às 3h20min da madrugada, para fazer a caminhada, e chegou no santuário por volta das 9h30min. Foram cerca de 25 quilômetros percorridos. “A fé que temos dá motivação. Venho sempre agradecer, na verdade, pela saúde da família; a minha saúde, pois estou com 51 anos e posso agradecer. Venho sempre que tenho companhia, para agradecer e pedir que no ano que vem possa estar aqui de volta, que eu tenha saúde e com a minha família”, conta. No ano passado, em decorrência da pandemia, ela não fez a caminhada. Neste ano, já com uma dose da vacina e sentindo-se mais segura, fez a peregrinação até o santuário. “Temos também que agradecer por isso, por estarmos passando por uma pandemia e podermos estar aqui com saúde.” Noemi conta que um grupo de conhecidos seus saiu às duas da manhã do Centro de Paverama, percorrendo, a pé, cerca de 40 quilômetros.
Um grupo da localidade de Coxilha Velha, Triunfo, também fez a caminhada. A auxiliar de cozinha, Franciele Schweitzer Rodrigues, 22 anos, diz que todo ano ela caminha, um hábito que aprendeu com a mãe. “Comecei a vir junto com ela e gostei.” Neste ano, Franciele estava acompanhada do marido, Fabrício Loureiro dos Reis, 24 anos, e do cunhado, Fabiano Loureiro dos Reis, 28 anos, que fez a caminhada pela primeira vez. “Tudo o que a gente pede aqui pode demorar, mas acaba se realizando.”
De Fazenda Vilanova, a professora Cláudia Dornelles, 52 anos, integrou um grupo de 17 pessoas que saiu do Centro do município, às 5 horas, percorrendo cerca de 24 quilômetros pelo interior, passando pelas localidades de Arroio da Erva, Alto Pinheiral, na divisa com Taquari, Fazenda dos Portos, Amoras e Rincão.
A maioria dos integrantes faz essa romaria anualmente, porém, no ano passado, não a realizou em decorrência da pandemia. Esta foi a segunda vez que a professora fez a caminhada até o Santuário. “Na primeira vez, fiz por uma promessa, para agradecer a graça alcançada. Neste ano, apenas gratidão pela vida. Minha família toda está bem, ninguém foi vítima da covid-19, então precisamos agradecer sempre”, justifica.
Para ela, o longo percurso passou despercebido. “Não me senti cansada, é um local abençoado, de paz, é revigorante. Fizemos todo o percurso entre amigos e isso torna a caminhada muito alegre, nem percebemos a distância”, diz.