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Depois de três anos no município, o juiz Leonardo Bofill Vanoni despede-se da Comarca nesta sexta-feira, 9 de outubro.
Titular da 1ª Vara, ele deixa, como uma das principais marcas de sua passagem pelo município, a destinação de R$ 353,7 mil de verbas depositadas através de pagamentos de penas alternativas à compra de equipamentos para a UTI Covid-19 do Hospital São José. Redução de processos e reforma do Fórum Municipal são outras conquistas da Comarca durante a atuação do magistrado em Taquari.
A saída do juiz Leonardo se deve a uma promoção para a 1ª Vara Cível de Cachoeira do Sul. “Fazendo uma retrospectiva desses três anos e meio, saio muito feliz com o trabalho que foi desenvolvido. Os objetivos iniciais foram atingidos, há um reconhecimento da comunidade jurídica nesse sentido. É isso que fica. Deixo um legado para a comunidade, para quem for assumir. Levo comigo experiências maravilhosas de convivência com os advogados, servidores, estagiários, Ministério Público, Defensoria. Uma convivência maravilhosa com pessoas da cidade, realmente me sinto taquariense, vivi intensamente a cidade e aprendi muito com as pessoas. Saio uma pessoa e um juiz muito melhor e com certeza vou retornar para visitar a cidade e reencontrar as pessoas”, relatou.
A partir da próxima semana, a juíza Mariana Pacheco, titular da 2ª Vara da Comarca, assume todos os processos do Fórum local, até a designação de um titular. A magistrada está no município desde janeiro de 2019.
(Re)encontros e despedidas
Por Leonardo Bofill Vanoni
A trajetória de um juiz de direito é feita de (re)encontros e despedidas. Somos levados ao desconhecido algumas vezes, com a possibilidade de viver vários capítulos tão distintos de uma mesma vida. Mudanças sistemáticas podem não ser invejadas. Vejo isso de uma outra forma. Compreendo essa caminhada como uma grande oportunidade de vivenciar uma pluralidade de experiências e extrair o que há de melhor de cada local. Cada cidade deste Rio Grande do Sul tem suas peculiaridades e o seu jeito de ser. Aos poucos vamos absorvendo essa aquarela cultural, até o momento em que somos mais um cidadão daquela até então misteriosa localidade, cultivando hábitos típicos e compartilhando do sentimento de pertencimento. É quando já não somos mais os mesmos. Tornamo-nos um pouco de onde vivemos. E com isso evoluímos, passando a escrever melhor os próximos capítulos da nossa autobiografia.
Agora, todos os medos dos encontros em algum momento são substituídos pela tristeza das despedidas. Encerrar um capítulo é muito mais difícil do que abrir outro. Nunca consegui finalizar um sem manchar a tinta com lágrimas. E há uma “pena” perpétua a ser cumprida: sessões de nostalgia vitalícias. Mas isso não é nada torturante, não se enganem. É a possibilidade de reviver o passado no presente, normalmente com um olhar distante e um sorriso no rosto. Nem sempre isso é suficiente. É quando precisamos viver o presente no presente, com perdão do pleonasmo. Isso não é nada mais do que a necessidade de fazer uma visita. E são nelas em que os vínculos se renovam. É um ciclo que se inicia no encontro, mas não termina na despedida, porque se renova nos reencontros. O livro sempre pode ser lido e as histórias contadas, basta alguém abri-lo.
Talvez essas palavras possam parecer uma forma de tornar este momento menos dolorido e mais poético, mas é no que acredito realmente. Foram mais de três anos de um capítulo muito feliz da minha vida, com marcas muito fortes de um vínculo sentimental enorme. Tornei-me taquariense não só por titulação. Desfrutei muito de Taquari com a minha amada esposa, com quem tenho a sorte de pluralizar a vida. Tive a honra de trabalhar com uma equipe de servidores e amigos talentosos e altamente comprometidos, que aqui aplaudo publicamente pelo trabalho que desenvolveram nesse tempo. Convivi com uma comunidade jurídica respeitosa e cooperativa, que goza da minha admiração e carinho. Aprendi muito em Taquari e com os agora meus conterrâneos. Saio um juiz e uma pessoa melhor. Despede-se hoje apenas o juiz, eu os reencontrarei muitas vezes. A passagem de partida é também de retorno e assim sempre será. Obrigado por tudo, Taquari! Até logo!
