Os consumidores têm notado alta nos preços da cesta básica nas últimas semanas. O arroz, óleo de soja, tomate e leite estão entre os produtos que ficaram mais caros. Se para o cliente o aumento pesa no bolso, para a cadeia produtiva do arroz, uma das principais culturas de Taquari, o crescimento no preço é um alívio para quem vinha trabalhando com uma pequena margem de lucro nos últimos anos.
A saca do arroz chegou, nesta semana, à média de R$ 104 no Brasil. Segundo uma produtora taquariense, o produto era vendido anteriormente por cerca de R$ 40 a R$ 60. “Para nós, está bom, melhor que nos outros anos. Só no mês de agosto, deu quase 40% de aumento. A gente tem silo e sempre armazena todo ano para vender com preço melhor. Mas os produtores vinham há muito tempo trabalhando quase no vermelho, tem muito produtor de arroz endividado com empréstimo no banco, porque os custos de produção aumentaram muito, o óleo diesel subiu, na seca temos que puxar mais água, as cheias atingem as lavouras, e o preço do arroz não tinha acompanhado”, contou a produtora, que preferiu não se identificar.
Segundo dados da Emater, são 2.700 hectares plantados de arroz em Taquari, a terceira maior ocupação do solo na produção rural. A cultura só perde para a floresta cultivada, destinada à produção de madeira, e para o campo nativo, voltado à criação de gado principalmente. A estimativa de faturamento do arroz no município é de cerca de R$ 20 milhões anuais.
Certaja aumentou 30% nas vendas
A cooperativa Certaja Desenvolvimento teve um aquecimento na operação devido ao arroz. Segundo o consultor Antônio Tedesco, o valor do produto não influenciou muito na lucratividade, mas a quantidade de vendas gerou reflexo positivo. “A cooperativa e as outras indústrias de arroz precisam acompanhar esse mercado. Se compra mais caro do produtor e se beneficia este produto para vender. Então, as margens não alteraram muito, mas como vendemos mais, refletiu positivamente. A lucratividade foi em cima do aumento do volume de beneficiamento”, explicou Antônio. A estimativa é de que houve crescimento de 30% nas vendas da Certaja.
A cooperativa é responsável pelo beneficiamento de cerca de 40% do arroz produzido em Taquari, que é vendido, na maior parte, para Minas Gerais, seguido de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O beneficiamento de arroz representa 20% das operações da Certaja.
Alta no valor é atribuída ao aumento de exportações e consumo
Segundo o Sistema Nacional de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a elevação no preço dos alimentos, entre eles o arroz, é relativa a diversos fatores, como o crescimento de exportações brasileiras, alta do dólar em relação ao real e crescimento do consumo doméstico, aquecido pelo pagamento do auxílio emergencial. Ainda de acordo com o IBGE, o arroz acumula aumento de 19,25% em 2020. O tomate teve alta de 12,98%, o óleo de soja de 9,48% e o leite de 4,84%.
Quem nota o aumento dos preços é o casal Sílvia Soares, 46 anos, e Claudiomar Rocha, 48 anos. Eles buscam achar o menor valor possível dos alimentos , tanto para as compras familiares, quanto para o empreendimento do casal, que trabalha com venda de cestas básicas. “Está caro, mas temos que comprar, são produtos essenciais”, disse Claudiomar. “Vamos longe atrás de alguns centavos a menos”, acrescentou Silvia.
Embora o aumento nos preços atinja produtos básicos da mesa do brasileiro, outros alimentos apresentaram queda e podem aliviar um pouco o bolso na hora das compras. Segundo o IBGE, houve recuo de 17,18% no preço da cebola, 14,16% no alho e 12,40% na batata inglesa.