O Fato Taquari Jornal On-Line
Em várias partes do mundo , comemora-se hoje o Dia do Trabalho. Neste ano, especialmente, os profissionais de saúde são os mais lembrados por estarem à frente do combate à pandemia de Covid-19. Enquanto a maioria da população é orientada pelo isolamento para evitar a contaminação, eles estão nos hospitais, longe das famílias, esperando os pacientes para dar o tratamento adequado para a cura.
Em Taquari são mais de cem profissionais, entre a emergência do Hospital São José e as unidades de saúde, contando enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde.
A pressão para preservar as vidas
A enfermeira Maria Elisa Lopes Bastos, 39 anos, terá o Dia do Trabalho deste ano bem diferente. Não porque está no plantão, pois isto faz parte da rotina dela, mas pela responsabilidade decorrente da situação. À frente da enfermagem do Hospital São José, ela conta que fica à disposição em tempo integral o que a deixa apreensiva com o que está acontecendo na instituição. Trabalhar em tempo de pandemia tem sido desafiador e de grande aprendizado. “É bem complicado, pois existe uma vida onde tenho que ficar afastada da família que é quem nos dá apoio nestas situações”. Por falar em família, a tecnologia tem sido uma grande aliada. “Meus pais são do grupo de risco. Minha mãe instalou um banquinho na porta de casa para poder ver os netos, que só vão lá de máscara mesmo o contato sendo de longe. Tenho aderido a vídeo – chamada do WhatsApp e contato por telefone”, conta. Morando com o marido e o filho de três anos, diz que teme levar o vírus para os pais e a família de casa. “Isso acaba me tirando o sono”, afirma. Ela salienta que o fato de lidar com vidas gera uma pressão maior. “Nossa cidade está com um quadro bem grande de contaminados, então temos que estar sempre ligados no que está acontecendo. Temos que ter todo o cuidado com o paciente e isso gera uma pressão pois é da vida do próximo que se trata”, afirma.
Em busca do resultado final melhor possível
O médico Vagner Rosa Bizarro, 42 anos, sente-se fazendo parte de uma engrenagem que visa a dar uma resposta à altura que as pessoas merecem e esperam. “Não está sendo uma tarefa fácil a nenhum dos envolvidos, mas estamos certos de que todos estamos dando o máximo de nós para que o resultado final seja o melhor possível”, destaca. Ele diz que o maior medo é que os recursos do sistema de saúde saturem na região e não haja disponibilidade de cuidados adequados para todos que precisem. “Sabemos que está havendo um esforço de toda a comunidade para que isto não ocorra, mas é um receio que não podemos deixar de ter. Até para não nos pegar desprevenidos e não nos permitir baixar a guarda, nos mantendo alertas”, ressalta. Para ele, o mais angustiante neste momento é não ter uma resposta certa para todas as dúvidas decorrentes da pandemia. “Mas, faz parte da nossa profissão termos que conviver com muitas incertezas. Talvez, até seja um dos aspectos mais motivadoras, a busca infinita por respostas para podermos dar a quem precise”, diz. Por estar atuando em uma área de risco, é preciso reforçar o cuidado com a família, o que tem sido feito por telefone e aplicativos de mensagens em relação aos pais. “Eventualmente, para matar a saudade, os visitamos a distância. Ficamos na calçada e eles no pátio de suas casas, para não termos contato próximo e manter um distanciamento seguro para eles. Quanto à minha esposa, como sua família é de outra cidade, fazemos apenas contato virtual”, conta.
Cuidado redobrado ao chegar em casa
O técnico em radiologia Rodrigo Martins, 35 anos, diz que trabalhar na área da saúde é muito gratificante e que tem redobrado o cuidado para preservar a família. “Quem falar que não está assustado acho que estaria mentindo. Trabalhando com saúde, temos que estar preparados para tudo e tomar todos os cuidados possíveis para não se contaminar com o vírus. Até o momento não me isolei da família e tomara não precisar, mas se aumentar muito o número de casos no hospital, não terá outro jeito”. Rodrigo conta que, ao chegar em casa, coloca toda a roupa para lavar direto, corre para o banho, limpa o calçado com água sanitária. “Acho que o maior medo de quem trabalha na saúde nesse momento é contrair o vírus e passar para um familiar. Então, todo cuidado com higienização, tanto em casa como no hospital, é fundamental neste momento”, ressalta. Para o profissional da saúde, é importante ouvir o apelo das autoridades de saúde. “Essa pandemia nos deixou encurralados, pois até o momento não tem a cura e, infelizmente, muitos estão levando na brincadeira. Só quem teve contato com alguns pacientes sabe o poder que esse vírus tem. Em questão de horas o quadro pode se agravar e muito. Então fica o pedido para ficar em casa! Se tiver que sair, use máscara, lave sempre bem as mãos, com a união de todos , vamos sair dessa mais fortes.”
O pedido que vem dos netos: Fique em casa
A família da técnica em enfermagem, Rute Inácia Horn Porto, 60 anos, também reforçou o pedido para as pessoas ficarem em casa. Os netos Erick, Gabriel e Pedro, fizeram cartazes e colocaram nas redes sociais. “É um momento difícil mas temos que ter coragem para enfrentar este mal. Estamos aqui para ajudar o próximo da melhor maneira possível sem interessar a quem”, ressalta Rute, que vê os filhos, netos e noras apenas por vídeo-chamadas. “Neste dia 1º vou trabalhar fazendo o que gosto. Será diferente por não poder me encontrar com filhos, noras e netos. Peço a todos que fiquem em casa por nós, porque aqui (no hospital) nós vamos fazer por você. Não quero perder ninguém da minha família”, destaca.
