“Viemos trazer cultura e alegria e Taquari está retribuindo”

O Circo Metropolitano chegou em Taquari poucos dias antes de serem adotadas medidas de prevenção ao novo coronavírus, com a necessidade de evitar aglomeração. Pela 10ª vez se apresentando no município, os artistas fizeram espetáculo em um final de semana e já precisaram parar as atividades, o que comprometeu as finanças. Sem plateia, não há bilheteria, a principal fonte de renda do circo. “Estávamos para estrear no dia 27 de março em Canoas, mas não tivemos como sair, ir para outra cidade”, conta Luciano Fermino, 42 anos, da terceira geração do circo fundado há mais de 70 anos.
Sem recursos para suprir as necessidades das 14 pessoas que acompanham a trupe, eles contaram com a solidariedade dos taquarienses. Após manifestações nas redes sociais de amigos que já conquistaram no município, começaram a chegar as doações de alimentos e produtos de higiene. “O pessoal de Taquari, não tenho palavras! Todo o dia chega alguém trazendo alguma coisa. É incrível!”, destaca Luciano, que atua como palhaço Bolachinha.
Com o carinho recebido dos taquarienses, o Circo Metropolitano, fundado por Teixerinha e Mery Terezinha, colocará em sua história esta passagem pelo município. “Viemos trazer cultura e alegria e Taquari está retribuindo, está ajudando a gente. Só temos a agradecer”, diz.
No grupo há uma família do Uruguai, uma de estado de Minas Gerais e  os donos, que são de Lajeado. Com a impossibilidade de fazer espetáculos, a Prefeitura autorizou que ficassem no município. “Pagamos todas as taxas, temos água e luz. Vamos ficar com essa marca para sempre. São quase 400 circos em todo o Brasil e estão passando dificuldades. Gostaríamos de trabalhar, fazer a nossa parte mas todo mundo parou. Seríamos desumanos pois estaríamos arriscando a vida de pessoas”, ressalta.
Entre as famílias, há os que estão no grupo de risco, como os pais de Luciano, com 70 anos. O pai, Adão Fermino, é o palhaço Linguiça. “Não podemos estar viajando. Se voltássemos para Lajeado, não sabíamos como estava lá. Decidimos ficar aqui”.