O Fato Taquari Jornal On-Line
Ao ligar para o Instituto Agrícola Presidente Duttra (IAPD), uma mudança já pode ser notada. A chamada é atendida com a identificação de FPE Vale do Taquari. A sigla significa Fundação de Proteção Especial, órgão ligado à secretaria da Justiça, que mantém 18 funcionários no local, desenvolvendo oficinas e trabalhos preventivos com os alunos da Escola Estadual Nossa Senhora da Assunção, situada no mesmo endereço. A mudança na identificação do IAPD não é à toa e remete a novidades na instituição.
Em visita a Taquari na manhã de ontem, o secretário da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Catarina Paladini, informou que o local voltará a cumprir sua função de casa de acolhimento, como já teve no passado. “Não há um lugar no Rio Grande do Sul com as condições que esta unidade tem, de espaço, de acolhida, de oportunizar um novo recomeço. É um ambiente que te deixa isento de qualquer outra força externa de convívio que estes alunos tenham tido nas suas respectivas cidades. Vindo para cá, eles estão no meio da natureza, conhecendo pessoas que querem ajudar, dando oportunidade de qualificação, de acolhida, de moradia, de consciência cidadã”, disse o secretário. Questionado se seriam menores infratores, Catarina Paladini relatou que não haverá distinção de perfil, mas que tudo levará em consideração a dinâmica do local. “Menor infrator de grave delito é FASE, não é FPE. Aqui será menor vulnerável e com determinado perfil de infração de menor potencial ofensivo”, disse. A vice-diretora do local, Renata Becker, salientou que as crianças acolhidas não oferecerão risco aos estudantes, pois são situações de afastamento da família por condições de vulnerabilidade, semelhantes a casos já atendidos pelo instituto e a escola. “Tem criança que estuda aqui de dia e vai dormir no abrigo da Prefeitura (Ceacat) à noite e poderia estar aqui conosco. Nós não precisamos ir longe, nós temos situações aqui também. A nossa função como fundação é acolher a região toda”, relatou.
O prédio do instituto já está passando por melhorias para abrigar as crianças e adolescentes. Há 20 quartos no local que estavam em condições precárias e estão sendo reformados pelos próprios funcionários do IAPD, em forma de mutirão. As instalações já foram pintadas e os banheiros estão sendo adequados para uso. Ainda há outras melhorias a serem feitas. Antes de receber os acolhidos, o prédio deve passar por vistoria da FPE, que analisará se as instalações estão em conformidade com a legislação vigente para a área.
De acordo com o diretor do IAPD, Nílton Flores da Silva, o mobiliário será doado pela FPE e os acolhidos devem começar a chegar na instituição ainda neste ano. “Não há um número definido de quantas crianças virão para cá. Estamos adequando o espaço para as receber conforme a demanda”, explicou Nílton. Sobre os funcionários que atenderão aos acolhidos durante à noite, o diretor do instituto e o secretário estadual informaram que serão os mesmos que já atuam no local pela FPE, 18 servidores no total. Eles participaram de uma dinâmica junto com o secretário e se mostraram engajados em dar andamento ao projeto.
O retorno da casa de acolhimento à instituição também deve trazer de volta a verba para alimentação e manutenção das atividades no local, de cerca de R$ 20 mil mensais, que não estão sendo repassados desde o final de 2018. Atualmente, o local recebe somente verbas da secretaria de Educação para manter as atividades e refeições dos alunos.
O IAPD e a escola Nossa Senhora da Assunção atendem 125 crianças e adolescentes em período integral, que estudam do 1º ao 9º ano do ensino fundamental e realizam oficinas no turno inverso.
