O Fato Taquari Jornal On-Line
Na próxima quarta-feira, 1º de Maio, é comemorado o Dia do Trabalho. Nesta edição, o jornal O Fato conta a história de dois taquarienses, um que atua na área pública e outro no setor privado, que conquistaram espaço e progrediram no emprego. Eles ingressaram em atividades de menor remuneração, dedicaram-se, aproveitaram as oportunidades, para avançar na carreira profissional.
De servente de escola a professora
A professora de Letras e Literatura, Lisiane de Almeida Monteiro, 40 anos, é vice-diretora na Escola Estadual de Ensino Médio Barão de Antonina, no bairro Colônia 20. Pós-graduada em Orientação Educacional e Supervisão Escolar, ela começou a trabalhar no educandário em 2003, quando foi nomeada servente, ou seja, para fazer a limpeza da escola.
Antes do concurso para servente, ela estava desempregada e procurou não perder a oportunidade. Lisiane tinha o ensino médio completo, como técnica em química, que cursou à noite, para conciliar com o trabalho, pois precisava colaborar com a renda da família. “Eu estudava e amamentava o meu filho mais velho. Tive que estudar bastante. Tava sem estudar há seis anos, comprei as apostilas e estudei, consegui”, observa. Mas os recursos financeiros continuavam poucos, teve o segundo filho, quando chegou a oportunidade de uma graduação semipresencial. Passou a cursar Letras pelo ensino à distância. “Eu tinha uma facilidade, porque gosto da disciplina, mas o ensino à distância não é fácil. Para ser um bom profissional, tem que estudar”. Foram três anos na atividade de servente e o estudo para a licenciatura. Concluída a graduação, ela precisou conquistar o espaço como professora. Surgiu a oportunidade de uma especialização em Supervisão e Orientação Educacional, que ela também não perdeu, pois ampliaria as possibilidades de atuação na escola. Em 2013, o Governo do Estado abriu concurso para professor de Português. “Estudei muito, porque temos que ter compromisso naquilo que se faz. Eu sabia que aquela era uma grande oportunidade, porque concurso não tem todo ano”, salienta. Ela passou em 1º lugar na região. Também prestou concurso para o Município, e obteve a primeira colocação. Mas a aprovação ainda não era garantida, porque ela havia passado em outros mas não tinha sido chamada. Neste período, ela estava de licença interesse da atividade de servente, porque assumiu um contrato como professor, mas o prazo estava encerrando e o Estado não fazia a nomeação. Lisiane, mesmo com pós-graduação e depois de ter atuado como professora, voltou para a limpeza da escola. Em fevereiro de 2014, ela foi chamada no Município de Taquari e, em março do mesmo ano, para a rede estadual. Por 45 dias, trabalhou em Lajeado, até que teve a oportunidade de retornar para a Barão de Antonina, como professora nomeada, escola onde, há cerca de 30 anos, tinha cursado as séries iniciais e a carreira de servidora pública. “O trabalho de servente foi uma coisa muito digna e me proporcionou continuar o meu estudo, porque a vontade nos leva longe, mas é preciso o dinheiro para se manter”. No final de 2018, surgiu a oportunidade da vice-direção. “É mais um aprendizado. A nossa vida é feita de aprendizados, o conhecimento é algo que ninguém tira da gente. Temos que ser feliz com aquilo que a gente tem, mas almejar algo”. Ela destaca o apoio da família. “Meu esposo sempre me apoiou, me ajudou muito, porque tínhamos os filhos pequenos e eram coisas que tínhamos que conciliar porque não adiantava estudar e os meus filhos não estarem bem”. Lisiane planeja agora cursar inglês para fazer o mestrado, pois é necessária proficiência em outra língua. “Continuo sonhando”, brinca.
O momento mais marcante nesta trajetória, ela diz que foi o dia da formatura: “Deus me deu as oportunidades, a minha família me ajudou, mas foi algo que eu conquistei, algo que era o meu sonho. Casar é uma alegria, ter filho é outra emoção, mas a formatura é uma conquista tua”. Hoje, atuando como professora, ela consegue dar uma melhor qualidade de vida para a família e preparar os filhos para o mercado de trabalho.
De office boy a gestor comercial e logística
Auri Peres da Silva, 41 anos, é conhecido como Auri da Motasa. E não é por menos, pois é uma referência à empresa na qual trabalha há 25 anos. Ele ingressou no Moinho Taquariense SA (Motasa) em 26 de junho de 1993, como office boy, aos 14 anos. Fazia, usando uma bicicleta, serviços externos em bancos e compras em lojas do município, entre outras atividades. No momento em que estava na empresa, organizava arquivos e auxiliava no setor de almoxarifado da empresa, fazendo atendimento aos colaboradores e baixa de consumo, manualmente, através de fichas.
Permaneceu nesta função por cerca de dois anos. Seguiu para o setor de almoxarifado e agregou a função de auxiliar de produção, no setor de empacotamento. Mais tarde, teve a oportunidade no setor de balança e faturamento, num primeiro momento como auxiliar e, posteriormente, assumindo como responsável do setor. Fazia o controle de entradas de trigo e soja e saída da farinha. Teve ainda a oportunidade no setor de logística da empresa, onde foi supervisor do faturamento e da logística de trigo e farinhas, durante muito tempo. Há 15 anos, ele está no cargo de gestor comercial e logística. “As conquistas vieram através de um nível de comprometimento alto, doação, abertura a novas experiências, positividade, transparência nas atitudes e alinhamento com as mudanças internas e externas”, salienta Auri.
Para o gestor, o sentimento é de gratidão. “É o que mais reflete o que sinto. Sou grato por todas as oportunidades profissionais, pessoais, por todas conquistas, aprendizado e evolução, principalmente como pessoa. Minha trajetória começou muito antes de 1993, através de meu pai que trabalhou na Motasa por 35 anos. Então, esta relação forte e de afetividade vem antes do início de minha vida profissional.
Auri destaca que o mais importante na carreira profissional é a transparência nas atitudes. “Buscar o conhecimento, agir de forma correta com as pessoas e procurar compartilhar o conhecimento sempre, pois isto nos mantêm em um nível evolutivo constante”.
