“Um desafio que apareceu na nossa vida”

As atividades da Loja de Ferragem Totinha iniciaram em 19 de junho de 2009. O casal Carlos Roberto Gravina dos Santos, 52 anos, o Totinha, e Sílvia Teresinha Cardoso dos Santos, 46 anos, a Pinha, com gosto pela área de vendas e à qual já tinham dedicado seus primeiros anos de trabalho, decidiu seguir o conselho do pai de Totinha, Amaro Santos, falecido há 9 anos.

A trajetória profissional de Carlos Roberto iniciou junto a seu pai, como açougueiro, e seguiu na primeira loja de ferragens da família. Por anos, o casal teve sociedade com Amaro, que foi o grande incentivador de terem o próprio negócio. “No início, a ideia não caía bem aos ouvidos, pois o espaço físico (terreno) que possuíam era muito próximo ao ponto onde está a loja da família”, lembra Sílvia.
Porém, Amaro foi motivador e afirmava que “o comércio dá para todos”, recorda Sílvia. Conforme Carlos e Sílvia, ele tinha a ideia de levar o filho mais novo para trabalhar na loja da família para que deixasse o emprego na indústria de Químicos.
Carlos e Sílvia contam que os primeiros anos foram de muitos desafios. “Quando abrimos as portas, tínhamos pouco mais de dois mil itens, num espaço de 140m², entre materiais de ferragens, elétrica, hidráulica, ferramentas e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)”, diz Totinha. “ A loja parecia gigantesca, pois não tínhamos quantidades, mas uma seleta variedade dos itens que mais rodavam na época. As prateleiras eram grandes demais para pouca mercadoria, então, eu colocava os produtos e acrescentava as caixas vazias bem organizadas para preencher os espaços. Durante todo o tempo que organizava os produtos, rezava silenciosamente pedindo a Deus proteção”, lembra Sílvia.
Nos primeiros meses, com poucos recursos para arcar com todas as despesas, a alternativa era racionar tudo o que era possível. As idas ao supermercado tinham dois motivos: além de buscar os mantimentos para a família, também era para aproveitar as sacolas que serviam para entregar aos clientes da Ferragem Totinha levarem as compras feitas na loja. Os pacotinhos para carregar os parafusos eram os saquinhos que chegavam com mercadorias dos fornecedores, recortados em tamanhos menores e guardados para entregar ao cliente com a mercadoria adquirida na loja. “Muita gente saiu daqui com parafusos em saquinhos da própria embalagem recortada. E as caixas, poucas foram fora. Em tudo nós poupávamos”, lembra.
Outro desafio era chamar a atenção dos clientes para a pequena e nova loja localizada na calçada oposta ao movimento de pedestres. Decidiram então usar a exposição visual de mercadorias, destacando produtos na calçada. “ Muitas vezes, o único produto que tínhamos era o do expositor, não tinha estoque”, lembra Sílvia.
Com a rigorosa economia e contenção de gastos, em dois meses, o casal que atendia sozinho, pôde fazer a primeira contratação, o que já se fazia necessário. Hoje são 10 funcionários, sendo nove vendedores e um caixa. “Eu pedia todos os dias que Deus nos mandasse clientes novos, não os que estavam nos outros estabelecimentos, mas um povo novo. Hoje, muita gratidão a Deus pelo que aconteceu, um crescimento que não esperávamos, a parceria das pessoas, um carinho muito especial”, diz Sílvia.
Passados dois anos de comércio, o espaço que parecia gigantesco começou a ficar pequeno. As mercadorias já precisavam ser estocadas na garagem da casa e em um dos cômodos da residência. Então, surgiu a oportunidade de locar uma sala comercial ao lado do prédio, dobrando o tamanho e suprindo a necessidade daquele momento.
A loja, que completa 10 anos em 2019, tem projetos futuros, mas também prioriza realizar sonhos buscando dar oportunidade de trabalho aos jovens. “É gratificante ver um jovem que chega aqui “cru”, e começamos a ensinar os primeiros passos e, de repente, tu olha e ele está, além de amadurecido, comprometido, e ainda, te ensinando atualidades de suas gerações”, ressalta Sílvia.
Conforme os empresários, para ter o sucesso nas vendas, um dos passos importantes é a atenção direcionada especificamente a cada cliente. “Sempre atendemos com muito amor, simplicidade, carisma e humildade. O cliente quando vem na loja nem sempre busca um produto, uma sacolinha com uma mercadoria física. Não consigo enumerar os muitos clientes que além de uma simples mercadoria, estavam, na verdade, em busca de atenção. E nós, procuramos entender o que realmente aquele cliente está buscando. Se há a oportunidade, ele leva daqui, não só um produto mas, atenção e amor”, diz Sílvia. “Às vezes está carente afetivamente e quando recebe o que busca, não precisa ter preço ou localização; tocar o coração de uma pessoa, um cliente, é muito mais gratificante do que somar valores financeiros ”, completa o casal.
Avaliando a trajetória alcançada, o empresário resume: “Um desafio que apareceu na nossa vida! Por mais que tivéssemos experiência, montar uma empresa, considerando a nossa idade, foi um desafio muito grande. Torcíamos para dar certo e não tinha outra alternativa, tinha que dar. E, graças a Deus, com muito empenho, dedicação, carinho, oração e entendimento na família, deu certo”, afirma.