Cerca de 25 funcionários e ex-funcionários da Latpac, fabricante de cabides situada em Boa Esperança, estão se revezando numa guarda em frente ao portão da empresa desde a sexta-feira, 26 de outubro. Eles querem garantir que nenhum maquinário e equipamentos sejam retirados do local sem que seus direitos trabalhistas estejam pagos. No domingo, uma liminar judicial bloqueou os bens da empresa. Mesmo assim, os trabalhadores continuam a vigiar.
De acordo com o auxiliar de produção, Renan Link, 25 anos, que trabalha há sete meses na empresa, na segunda semana de outubro, os funcionários foram dispensados do trabalho porque foi cortado o abastecimento de energia elétrica da fábrica. “Alegaram a dispensa pela falta de luz, mas não explicaram porque faltou a luz. Boatos rolam que foi por causa da falta de pagamento. Além do corte de luz, faz mais tempo que tem a questão de falta de pagamento, salários atrasados, as férias não estão em dia, tem gente com 5, 6 anos de firma, que não tem férias em dia”, contou o trabalhador.
A empresa atua há cerca de oito anos em Paverama. Os funcionários contaram que, ultimamente, não havia gerente na fábrica e que a funcionária que era responsável por comandar o serviço também não sabe o que está acontecendo. Eles não têm contato com os diretores e não souberam informar o nome deles. “Por enquanto, a gente está esperando e nada. A única manifestação que teve deles, e que nos revoltou, foi de uma hora para outra encostarem caminhões na frente da porta e começarem a recolher mateial, máquinas. Tudo o que é hoje a nossa garantia de pagamento começou a ser recolhido”, disse Renan.
O escritório Tales Azevedo Advogados representa os trabalhadores em uma ação judicial contra a fábrica. No domingo à tarde, foi concedida, pelo Poder Judiciário, uma liminar para bloqueio dos bens que estão na empresa. Por volta das 23h, os advogados e um oficial de justiça ingressaram na unidade e realizaram o levantamento dos bens existentes. A avaliação dos móveis ainda não foi arrolada no processo e deve ser feita pelo oficial de justiça.
O montante devido pela empresa aos funcionários também está sendo calculado. Sabe-se que os valores são referentes a FGTS não depositado, contribuição previdenciária não repassada ao INSS, salários dos meses de setembro e outubro e férias atrasadas. “Os funcionários trabalhavam mais de 15 horas por dia, nunca tiravam férias, nunca foi depositado FGTS”, informou o escritório de advocacia. Os próximos passos a serem tomados pelo escritório Tales Azevedo Advogados é a rescisão indireta dos funcionários e o pedido de execução dos bens da empresa. Se concedido o pedido, os maquinários e equipamentos devem ir à leilão para pagamentos das dívidas da empresa.
O Fato Novo tentou conversar com os diretores da Latpac, mas não obteve êxito nas ligações para os telefones da empresa que estão disponíveis na internet.