Comunidade Luterana terceiriza gestão do cemitério

Buscando uma alternativa para reverter o déficit econômico do cemitério, a Comunidade Luterana de Taquari terceirizou a gestão do espaço. Com isso, o local passa a ser Cemitério Ecumênico e a receber famílias de outros credos.

Conforme o pastor Danilo Doss, mensalmente, cerca de R$ 1,2 mil dos recursos arrecadados pela Igreja eram repassados para a manutenção do cemitério. “Não era sustentável economicamente. As famílias que têm falecidos foram solicitadas a contribuir, mas como não é estatutário, a maioria não fazia. O cemitério estava deteriorando. A tradição dos cristãos, sejam luteranos ou católicos, é que a pessoa morta não deixa de fazer parte da comunidade viva, sua memória permanece e deve ser guardada com respeito”, explicou o pastor.
Buscando um parceiro para manter o espaço sustentável economicamente, a comunidade firmou parceria com a Costa Empreendimentos, uma empresa do Grupo Costa, criada para esta finalidade e que terá em Taquari o seu primeiro negócio. A propriedade do cemitério segue sendo da Igreja Luterana, mas há um contrato de gestão de 35 anos podendo ser renovado pelo mesmo período. “Definimos algumas regras, demarcamos um espaço que vai continuar somente com sepulturas da Comunidade Luterana, e outro onde serão construídas gavetas para todos os credos religiosos da comunidade de Taquari ou outras”, salienta o empresário Maicon Costa.
A igreja terá co-participação nos lucros do empreendimento que prevê a construção de cerca de 1,4 mil gavetas, sendo inicialmente 80, a serem vendidas a partir de março.
Ele explica que o empreendimento terá como diferenciais a organização, limpeza e um espaço adequado para as famílias fazerem a guarda dos seus entes, além da preservação das memórias, que são a história das famílias e do município. No cemitério luterano, há sepulturas do século 19, como da primeira mulher luterana a ser sepultada em Taquari, em 1863, além do jazigo do pastor adventista, Huldreich Graf, fundador da Casa Publicadora Brasileira, falecido em 1946.
As famílias que adquirirem as gavetas pagarão a taxa de manutenção. “Uma licença de operação, a retirada de lixo, a reforma de um muro, corte de grama, tudo tem custo e que tem que ser repartido entre as famílias”, acrescenta Maicon. O serviço funeral poderá ser prestado por outras empresas, porém a etapa do sepultamento ficará a cargo somente da Costa. “É um empreendimento particular e no momento em que retiro um tampão, tenho responsabilidade com a sepultura ao lado que pode quebrar. A responsabilidade toda do cemitério é nossa”, explica.
Membros da igreja luterana serão sepultados apenas mediante autorização da comunidade. “Estará aberto para os membros ativos e participantes da igreja e do presbitério”, acrescenta Armin Aurich, vice-presidente da Comunidade Luterana.