Fechando as portas?

Na quarta-feira, mais uma vez os empregados da Intecnial, empresa do ramo naval situada no Bairro Caieira, paralisaram as atividades. Eles dizem que não receberam nenhuma parcela do 13º salário, que deveria ter sido pago até o dia 20 de dezembro; não receberam o salário de dezembro; além disso, muitos entraram em férias sem receber o valor do benefício ou já estão com duas férias vencidas. O atraso de salários já havia motivado diversas paralisações dos funcionários da empresa durante o ano de 2015. Em uma delas, a greve durou quatro dias.
O diferente nesta semana é que os empregados, ao chegarem para trabalhar, encontraram caminhões carregando contêineres com o material da Intecnial. Para eles, isto significa que a empresa está indo embora da cidade. “Falaram que iam levar para outra obra”, contou um dos funcionários. O grupo, com cerca de 90 trabalhadores, estacionou um automóvel no portão de saída da empresa, impedindo que um caminhão deixasse o local carregando os contêineres. Eles dizem que só voltam a trabalhar quando receberem e temem um calote por parte da empresa.

Sindicato em ação

O presidente do sindicato dos metalúrgicos de Montenegro e região, Francisco da Costa, disse que a entidade apoia a causa dos trabalhadores taquarienses. “A empresa vem fazendo promessas de pagamentos. Sempre paga com atraso. Tem gente com mais de R$ 1 mil negativo na conta, esperando pelos pagamentos”, disse. Segundo o presidente do sindicato, a paralisação seguirá até que a Intecnial regularize a situação com os trabalhadores. “Diante da ameaça de carregarem o material para fechar a unidade, a gente trancou o portão para resolver. Pelo menos alguma coisa eles vão ter que botar em dia de salário antes de retirarem qualquer material aí de dentro”, salientou Costa.

Intecnial não se manifesta

O jornal tentou conversar com o supervisor da Intecnial em Taquari, Jacir José Kirniew. Ele estava na empresa na manhã da quarta-feira, mas preferiu não atender a O Fato Novo.

Entrevistados demitidos

Nenhum funcionário da Intecnial que conversou com o Mistura Fina nesta semana quis se identificar. Apenas o presidente do sindicato fala em nome deles. Isto porque trabalhadores teriam sido demitidos após darem entrevista ao jornal durante outros manifestos. O Mistura Fina não sabe se isto realmente é verdade, mas se for, lamenta muito a situação. É garantido pela legislação federal tanto o direito de greve aos trabalhadores quanto a liberdade de expressão e de imprensa. A censura terminou junto com a ditadura no Brasil, em 1985.