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Há mais de seis meses o Dr. José de Mello Azaredo, 53 anos, deixou a função de anestesiologista do Instituto de Saúde e Educação Vida (ISEV). Conforme o relato feito ao jornal O Fato Novo, Azaredo, que trabalhava há dois anos no município de Taquari, espera receber desde maio deste ano o pagamento por dois meses de serviço, que somados chegam a R$ 30 mil.
Além de não receber o pagamento, Azaredo precisou pagar impostos pelo salário que deveria ter recebido e as despesas para vir ao município, como hospedagem e gasolina. Após tentar negociar várias vezes com o administrador do instituto, Vinícius Lange, o médico decidiu parar suas atividades em Taquari. Para ele, faltou transparência na hora de dialogar com os funcionários sobre a situação financeira do instituto.
“A primeira coisa que deveria ter sido feita era o administrador entender que não pode tratar os médicos e demais funcionários como crianças. Se ele tivesse agido com franqueza e lealdade desde o começo, informando que não tem dinheiro, que não vai ter repasse, acho que não estaríamos nesta situação”, explica Azaredo. “Quando eu senti que estava começando a faltar equipamentos para realizar o meu trabalho, resolvi sair antes que acontecesse um acidente durante uma anestesia.”
Profissional critica a administração atual
De acordo com o anestesiologista, outro fator que desencadeou a sua saída foi o relacionamento com Lange. “Uma vez o administrador bateu o telefone na minha cara. Eu liguei novamente e disse que médico não é mendigo e disse que nós temos que valorizar a nossa profissão”, relata.
Além disso, outros médicos estariam passando por uma situação semelhante, conforme o relato de Azaredo: “Meus colegas também estão se queixando pela forma que são tratados pelo administrador”. Para ele, Lange não possuía uma postura de administrador: “Muitas vezes ele fazia comentários irônicos ao conversar com a gente, algo que não acontecia na administração anterior”.
Para o anestesiologista, o administrador alegava que os problemas financeiros eram responsabilidade da Prefeitura: “Ele me falava que, por falta de interesses políticos, a Prefeitura dificultava os repasses do Governo do Estado. Agora, eu vejo que a culpa é dele, pois recebia a verba e não cumpria os seus compromissos”, afirma.
Caso foi comunicado ao Ministério Público
Recentemente, a administração do ISEV prometera realizar o pagamento parcelado da dívida para o médico. Porém, a primeira parcela, de R$ 15 mil, prevista para o dia 10 de dezembro, ainda não foi feita. Assim, Azaredo decidiu comunicar o problema ao Ministério Público.
Com mais de 25 anos atuando na profissão, o médico admite que nunca havia passado por uma situação semelhante: “Eu me sinto realmente humilhado. Lamento pela situação da cidade, por ter chegado a este ponto. A população não deve pagar por isso”, desafaba. Ele também afirmou que não pretende voltar a exercer o cargo novamente no município.
O que diz a administração do Hospital
Procurado por O Fato Novo, Vinícius Lange, o administrador do ISEV, confirmou os atrasos, alegando falta de repasses: “A gente depende exclusivamente dos recursos do Governo do Estado, então nós não deixamos de pagar por falta de vontade”, explica Vinícius. Segundo ele, houve atrasos por parte do governo, que está tentando regularizar a situação.
O administrador garante que, até o final do mês, irá pagar a primeira parcela, e a segunda ficará para o dia 10 de janeiro. Questionado sobre o relacionamento com os demais membros da equipe do hospital, Lange, que administra o instituto há mais de um ano, afirmou que não recebeu nenhuma queixa por parte da equipe médica, além de não possuir problema com o anestesiologista.
Desde que o Dr. Azaredo esteve afastado, outro anestesiologista assumiu a posição. Entretanto, o administrador reforça que, embora o médico não esteja trabalhando, ele permanece no corpo clínico: “Assim que a quitarmos a dívida e retornarmos a fazer um número mais elevado de cirurgias, chamamos ele de volta”, conclui.
